REMOVENDO A PEDRA

"Tiraram pois a pedra..." João 11.41

O corpo de Lázaro já estava na sepultura há quatro dias.
Havia decomposição e mau cheiro, algo natural ao um cadáver, do lado de dentro e frustração e choro do lado de fora, algo natural à quem chora, por um cadáver de alguém que é querido.

Enquanto Lázaro ainda era morimbundo, chamaram Jesus. Ele não veio.

A sepultura é o lugar onde colocamos as expectativas e esperanças que não foram atendidas, ainda quando eram demandas de vontades e necessidades dentro da gente e passiveis de solução e realização.

A sepultura encerra o ciclo daquilo que poderia ter sido e não foi.

A sepultura é o silêncio dos gritos, que o coração pronuncia, diante das alegrias e festas que se celebram no cotidiano da vida, seja no casamento, na vida espiritual, na profissão, nos relacionamentos, na profissão, ou simplesmente, na vida da gente.

Sim, em Betânia a sepultura calou a alegria de uma família.

A sepultura foi selada com a pedra. A pedra é o selo de que algo realmente acabou.

Jesus chega depois da pedra posta.

Parece um atraso.

Pois na vida da gente, aquilo que não acontece na hora da gente, chamamos de atraso, ou mesmo até aquilo que acontece sem a gente estar presente, recebemos o toque de ser: atrasado.

Sim. Uma vez a pedra posta tudo que pode acontecer, está em atraso à hora da pedra. Portanto, acabou o tempo que poderia ter dado tempo.

A vida coloca pedra na nossa porta.

A pedra na porta é aquilo que não pode mais acontecer.

Tirar a pedra foi à ordem de Jesus, o Cristo.

Tirar a pedra é devolver a possibilidade de continuar esperando. De continuar crendo. A pedra era o fim, e não poderia ser removida, nem mesmo por aqueles que choravam aquele que lá estava.

Sim, sofremos dores sem possibilidades de cura. Sentimos angústias sem explicações, e como se de nós algo faltasse, ficamos apenas olhando a pedra posta sobre nossas alegrias e esperanças. Ninguém muda isso. Apenas Jesus.

Tirar a pedra é escandalizar-se diante daquilo que não pode ser, mas é. Sim, pois se algo lhe diz que não é, este verbo ser, pode outra vez, ser conjugado em Jesus.

Tirar a pedra é ver que o tempo, não atrasa no tempo de Jesus. Sim, podemos sofrer com o atraso daquilo que já era pra ser, mas se não foi ou não é, é porque ainda, mesmo no atraso do tempo de hoje, não foi – então ainda será. Sim, aquilo que já deveria ter acontecido, acontecerá.

Tirar a pedra é mostrar ao coração que chora sem solução, que nesta vida, soluções não há, mas na vida que emana de Jesus, as soluções surgem como manifestação de fé, e não de tempo e nem de capacidade.

Tirar a pedra é revelar pra gente, que o coração de Cristo está muito próximo ao coração humano, e que neste mundo, a dor do homem é a dor de Deus, e por sentir a nossa dor, ele entende nosso medo, incerteza e insegurança, e chora com a gente o chora da gente, pois lá em Betânia Jesus chorou. Portanto, não exclua o choro da sua existência, mas não faça do choro um ancoradouro da sua alma, pois o choro pode virar celebração. Sim, você pode chorar de alegria.

Tirar a pedra é possibilidade de milagre, não apenas o milagre que intervém no sobrenatural e muda o improvável e imutável, mas o milagre que me faz usar as minhas mãos, e participar daquilo que Jesus esta fazendo em mim e por mim. Pois Lázaro foi ressuscitado, mas as faixas que o envolvia na morte, foram tiradas por mãos humanas.

Sim, precisamos que Jesus nos ajude a tirar a pedra.

Não uma pedra geológica – mas esta pedra que me prende a mim e nas minhas indecisões e incertezas. Esta pedra que me prende no tempo e me faz um atraso, diante Daquilo que almejo ser e viver.

Sim, mesmo chegando “atrasado”, Jesus consegue fazer o que eu, no meu tempo, sou incapaz de fazer e assim, viver da forma que me faça feliz – não na felicidade que querem pra mim, mas na felicidade daquilo que sou.

Sim, Jesus: Remove a minha pedra.

Pense nisso.