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terça-feira, 8 de março de 2011

NÃO QUERO SER UMA GELEIRA



“E por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos se esfriara” – Mateus 24.12

Ora vejo-me desalentado nestes últimos dias. Não o desalento daquela tristeza que nos rouba a vontade de viver, Não, pelo contrário, sinto-me cada vez com mais desejo de viver. Viver em favor dos outros – aqueles outros pelo qual ninguém se interessa. Meu desalento é pela letárgica postura que assumimos, algumas vezes, como cristãos que somos.

Jesus disse que a multiplicação da iniqüidade afetaria nossa capacidade de amar, ou seja, quanto maior a crueldade humana, menos nossa capacidade de interagir com as vitimas desta crueldade.

Estou aqui, neste exato momento, escrevendo e pensando no Haiti, em especial, nas centenas de crianças que estamos tentando ajudar e nas milhares que se encontram sem ninguém do seu lado. E o que me faz pensar nisso é o contraste que há entre nossas ações e aquelas necessidades. Somos um povo (crente) do discurso, das ilustrações e das piedades teóricas – mas poucos práticos em nossas ações. Zelamos muito pelas estruturas, formas e hierarquias e bem pouco pelas pessoas, pelos pobres e excluídos.

Estava numa igreja dia desses e não pude pedir ajuda ali, pois, eu não tinha a permissão do ministério, conformei-me é claro (nem todo mundo é obrigado a ajudar), e então pedi para oramos pelo Haiti – pois não precisamos pedir permissões para orar – mas, como o horário – rígido - do culto já havia extravasado bastante (15 minutos além do costume) o líder desta igreja nem sequer lembrou-se de orar. O culto terminou. Todos foram embora.

Sim, eu tenho medo de me esfriar. Tenho medo de congelar meu coração. Tenho medo de mesmo tendo um discurso piedoso, minhas ações serem desta geleira religiosa, que geri o coração de muitos lideres e pastores contemporâneos. Sim, eu tenho medo. O gelo das estruturas e templos decorados com o mármore e o granito, ornamentado pelos objetos de luxo e móveis de alto padrão, reflete bem o caráter de nosso compromisso missionário.

Não... Eu não quero ser uma geleira.

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