“Não cuideis
que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr
em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra
sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.”
Mateus 10:34-36
Mateus 10:34-36
Temos a ideia inabalável de Jesus
como alguém que que traz a paz. E de fato Ele é. Lucas o descreve como o
mensageiro da paz. Agora, neste verso, Jesus afirma o contrário, diz que não
veio trazer a paz, mas a separação. E nos versos seguintes descreve isso de
forma muito drástica: Nas famílias, todos se voltarão contra todos; o pai,
contra o filho; e o filho, contra o pai, e assim por diante. Com esta fala
provocativa Jesus não quer justificar nossas brigas familiares. Antes, deseja
que não nos deixemos dominar e definir pelos outros. Não devemos reprimir a
nossa intuição do certo e do errado apenas para preservar a harmonia. Há também
uma paz “podre”, uma harmonia artificial. Existem nas famílias os
harmonizadores que não suportam conflitos e por isso tentam encobrir tudo com
palavras bonitas.
Jesus quer nos encorajara, num
primeiro momento, distanciar-nos dos outros de forma saudável. Precisamos
encontrar nossa própria posição e aprender a permanecer firmes; somente assim
relacionamentos saudáveis são possíveis. Em muitas famílias não existem
relacionamentos verdadeiros; nelas tudo é submetido à tradição familiar.
Existem roteiros para cada situação: “Nós pensamos assim aqui”. “Nessa família,
não fazemos esse tipo de coisa”. Jesus nos provoca e nos encoraja a
descobrirmos nosso caminho e conquistarmos nossa posição diante da família, já
que uma comunhão boa só é possível se encontrarmos nossa própria identidade.
E muitas famílias essa comunhão é
forçada, ela é marcada por medo e constrangimento: “O que falam sobre nós?” “O
que os outros pensarão se nos mostrarmos do jeito que realmente somos?” Muitos
que defendem as normas cristãs nunca conseguiram escapar desse constrangimento
familiar. Apenas o homem livre, que encontra sua própria identidade, pode
entender o que Jesus espera de nós e aceita seu desafio. Às vezes, porém,
confundimos esta com as boas maneiras e conformismo. Ele quer pessoas livres,
nos provoca para que ousemos nos aventurar em nossa liberdade, capacitando-nos
assim para relacionamentos verdadeiros.
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